Boas, durões e duronas.
Peço desculpa por uma semana sem vos dar noticias, mas a falta de tempo, aliada a uma baixa em termos de saude, levaram-me a nao conseguir deixar aqui qualquer texto.
Deixemo-nos de tretas. O que me traz aqui hoje é algo que pensava que ja tava "morto e enterrado" mas afinal parece que não. O Racismo.
Como quem me conhece sabe, sou desde 99 treinador de uma equipa de basket. Ao longo dos anos o trabalho foi sendo feito e foi dando resultados, entenda-se titulos. Com isto a nossa ambição foi aumentando tambem e fomo-nos informando de provas alternativas para competir, entenda-se tambem, torneios. Foi assim, que chegámos à Madeira, ao inesquecivel torneio do CAB Madeira. No nossa primeira participação disputámos o apuramento do 3º e 4º classificado, frente a uma equipa dos arredores de Lisboa, claro que os "meninos" de Lisboa, apontados como candidatos a ganhar o torneio entraram de forma "pomposa" e pouco respeitadora, claro que os "meninos" de Lisboa, no final do jogo, perderam e perderam bem. Após a nossa festa dentro do campo, fomos para o balneario e foi no balneário do lado que ouvimos o que pensávamos ser inaudivel. O "treinador" dos "meninos" de Lisboa dizia-lhe os seguinte e peço desculpa por escrever o que ele disse: "Vocês são uma merda, são a vergonha da minha cara e deviam ter vergonha de perderem contra os parolos de uma equipa da parvonia, onde as bolas são quadradas...". Ouvimos e mostrámos o nosso desgrado perante a comitiva dos "meninos" de Lisboa e fiquem de boca aberta, foi-nos dito que tinhamos ouvido mal, que não podia ser e que tinhamos imaginado isso durante a festa, pasme-se!
Outro facto passou-se ontem. O meu clube, Sporting Clube de Abrantes, organizou um torneio de cadetes e convidou, com um mês de antecedencia, 3 equipas, o Basket de Coura de Paredes de Coura, o C.F. "Os Belenenses", clube impar na maneira de "estar no desporto" e o Algés e Dafundo, clube com grandes tradições no desporto. Até aqui nada de novo. Compareceram os dois primeiros. O terceiro clube faltou. Passei a manha toda a ligar para os responsaveis do clube de Algés (mais uma vez os "meninos" de Lisboa) e ninguem me atendeu o telemovel. Escusado será dizer que tinham os meus numeros de telemovel, o meu mail e o numero do clube. Fiquei espantado por me ter sido dito pelo treinador do Coura, que tinha conseguido entretanto falar com um dos treinadores de Algés, que de Algés me tinha sido enviada uma mensagem escrita para o telemovel a dizer que não vinham. Escusado será dizer que não recebi mensagem nenhum. Mas mais espantado fiquei, ao ficar a saber que um clube com tradição secular no desporto, quando recebe convites através de telefonemas, mails e faxes, os trata e lhes responde através de mensagens escritas.
Perguntam vocês, "porque que é que este gajo nos contou estes dois casos quando disse que ia falar de racismo?". Respondo eu, porque isto no meu entender é racismo entre as próprias pessoas da mesma raça. Estes dois casos ilustram muito bem o tratamento e o sentimento que os "meninos", "senhores", "tios" e "tias" de Lisboa ou Porto, têm para com o resto das pessoas do País. O sentimento de superioridade, que o resto é lixo que só serve para os servir e qualquer tratamento mais normal é pura perca de tempo. Podia juntar muitos mais casos do dia-a-dia, mas estes dois chegam perfeitamente, são uma bela amostra.
Mas como diz o povo que eles não gostam, "a vida dá muita volta" e neste particular, entenda-se basquetebol, eu e os meus meninos, cá estaremos para lhes dar o que merecem. O que não nos derruba torna-nos mais fortes.
Muito obrigado por terem voltado e não se esqueçam de serem duros como o queijo fresco.